sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Crónica da Amizade Intemporal: Correntes do tempo

Procuro muitas vezes as palavras que me faltam para expressar o que ainda ficou por transmitir.
A verdade é que, não há nada que consiga fazer para que isso aconteça, principalmente, quando é algo que me transcede.
É puro com todas as suas chagas, todos os seus detalhes, todos os seus pseudo-dramas, dramas e dramatizações. Especulações, esperanças, ternura, carinho e, por vezes, insegurança de tanta segurança.
Não sei como explicar aquilo que sinto... Sei apenas que sinto e sinto demasiado.
Sinto tanto, que acabo por sofrer com o que sinto.
A falta faz-me sentir tão sozinha, no meio de tanta gente. Mas não existe ninguém que perceba como vocês me percebiam, apenas com o olhar. Ninguém para se rir das mais pequenas expressões, interjeições ou até mesmo ironias.
Penso muitas vezes que é desta: é desta que me deixam e vão partir, porque todos nós seguimos rumos diferentes, e nós não somos diferentes... Todavia, somos únicas, quando sabemos bem que o esforço é quase nulo quando nos entregamos a esta corrente de união que une 6 mulheres há 8 anos. Quando o esforço é maior, quando vemos que a corrente é contraria a nossa maré.
Quando sabemos o quanto damos de nós a cada uma...
Perfeita noção, temos nós, quando o que todas procuramos é o mesmo porto de abrigo que nos acolheu há 8 anos atrás.
O que nos juntou, não é o mesmo que nos separa, mas é o mesmo que nos traz de volta alguma réstia de esperança do que ficou, para revivermos. Vivemos agarrados por algo que nos faz acreditar, faz parte da essência do Ser Humano, acreditar em algo que nos faça sentir seguro.
Orgulho é o que sinto por vocês...
Saudade é o que me corrói....
Insegurança por me querer voltar a sentir, novamente segura nos vossos braços, sermões, sorrisos e mal-entendidos, vozes da razão e gargalhadas partilhadas.
Todos nós com os nossos defeitos!
Cometidos os erros... Erros ainda por cometer...
Há sempre forma de encontrar o perdão, mas no perdão do afastamento é sempre inseguro o esquecimento, para que tudo se recomponha.
Já foi mais facil, já se tornou mais dificil...
Ainda procuro largar a nostalgia e passar a viver aquilo que, hoje me deixa melancólica.
Não há nada que vos leve do meu coração encarcerado, fechado a 7 chaves. Contudo, também já houve muito que vos mantivesse unidas no espaço do meu peito.
A vocês me entreguei: entreguei a chave da porta da minha vida e não ficará entre-aberta, porque para vocês estará aberta para entrarem e fechada  para que sair, não seja mais uma opção, a não ser que o motivo seja a infelicidade.
Não me larguem, por favor!
Não me deixem voar, sem voar uma vez convosco e, retornar ao voo a meio caminho!
Não há borracha que apague o que eu escrevi convosco, mas também não há caneta permanente que faça durar para sempre.
"É eterno enquanto durar", assim o dizem... Por favor, duremos para sempre?
"São meras palavras, escritas pelo tempo"  correu tão natural que me faz ambicionar e querer mais do que aquilo que nunca me prometeram.
Até o silêncio dos nossos momentos, acabaram por me parecerem promessas feitas e esperança acumulada que me mantém feliz. Ou, pelo menos, quando o pensamento não vagueia cheia de duvidas e inseguranças que atormentam as certezas de anos.
Mulheres da minha vida são vocês, são a minha força!
Sem a corrente que nos une, eu quebro asa e perco a sabedoria de voar, ou pelo menos, de saber qual o meu rumo agora.
Resta-me acreditar, depois de duvidar parvamente e temporariamente, que um dia tudo voltará, que a amizade que nos uniu, será a mesma que me ancora, ainda nos dia de hoje....
Que a mulher que sou, poderei partilhar convosco e ser o melhor que posso para cada uma de vocês.
Por favor:
Não há pagina que voe à minima brisa, sem que haja um marcador, rochedo, papiro que proteja.
Não há abrigo sem que haja um porto, uma casa.
Eu escolhi como casa o vosso coração, anseio que não pare de bombear pela nossa amizade.
Adoro-nos, adoro-me quando vos tenho e mais importante: ADORO-VOS
Acho que "sofro" da chamada: Crónica de uma Amizade intemporal



"We are the reckless
We are the wild youth
Chasing visions of our futures
One day we'll reveal the truth"
Youth- Daughter

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Um sorriso com muitas lacunas


“Percebi que os sorrisos servem para uma data de coisas, como por exemplo para tapar buracos que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto”- Lua de Joana



Sofremos todos do mesmo: dum mar de memórias, de palavras, de vivências das quais não podemos ver-nos livres, mesmo que fosse essa intenção.
Preenchemos as lacunas do nosso sofrimento da melhor forma que conseguimos, mesmo seja essa a pior forma.
Sofremos todos do paradoxo: não queremos viver com... nem podemos viver sem...
Somos tremedamente adaptativos como assim manda a lei da vida, da sobrevivência, neste mundo de "loucos".
Esboçamos sorrisos de todas as formas, de todos os tipos e por todas as razões. Sinceros ou não... Nem ponho isso em questão.
Nem sempre as palavras conseguem expressar tudo, nem sempre chegam, nem sempre nos ocorrem no pensamento. Quando isso acontece, tenho a certeza absoluta que, num mar de palavras, acabo por ficar em pleno deserto. E a tendência que tenho: ^Sorrir. Mesmo que seja um sorriso duvidoso, indeciso, confuso, confiante...
Quando preciso de ter fé naquilo que perdi, animo-me com o som duma gargalhada.
Sofremos todos por perder aquilo que nos habituamos/habituaram a ter, porque nunca nos vimos sem...
Mas também sofremos todos do mesmo mal: Habituarmo-nos rapidamente àquilo que nos deixa abatidos.
Comodidade, Conformidade, hábito, costume... Há primeira vista, inócuas. Com outra visão: fazem-nos perceber que realmente caímos numa realidade a que nos sujeitam e não aquela que queremos criar.
Desistimos muito cedo, mas não gostamos de desistir.
Saber de ante-mão que não vale a pena é uma coisa, desistir porque achamos que a vida é assim é, de facto, e atrevo-me mesmo a dizer, ignorância.
Nem tudo podemos pôr por palavras, nem me atrevo a fazê-lo (aquelas que vamos buscar ao nosso "dicionário de vocábulos"), se assim fosse, seriamos claramente censurados.
Sofremos todos por complicar tanto o que é tão simples, mas temos de admitir, há coisas que tornam o labirinto impossível de percorrer, nem com mapa.
Eu cá não sofro por sorrir, não sofro por gostar de preencher lacunas.
De vez em quando, percorro o baú, de vez em quando tendo a fechá-lo a sete chaves.
Não sei o que é melhor ou pior. Sei que meio termo é coisa que fica dificil de encontrar no meio desta insanidade.
Tapamos buracos com receio de relembrar a verdade. No entanto, considero que dentro da verdade, haja várias verdades que se completam.
Assim como eu me completo quando relembro o baú e como quando decido-o fechar por uns tempos.
Continuo sem saber o que me define: se o relembrar, se o viver... Talvez um pouco dos dois... Vou permanecer algum tempo sem saber.  
Contudo, há algo de muito caraterístico em todos nós: a forma como sorrimos, como encaramos o sorriso e como o ouvimos/vemos.
Meros desvaneios e desabafos de um sorriso que preenche as lacunas que, a memória vai tendendo a "esconder" o mar de palavras que se tornou num deserto ao olhos de quem não as entende, não as consegue usar, ou ouvir. Outras questões se levantaram, mas isso agora, não interessa mesmo nada...