terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Um sorriso com muitas lacunas


“Percebi que os sorrisos servem para uma data de coisas, como por exemplo para tapar buracos que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto”- Lua de Joana



Sofremos todos do mesmo: dum mar de memórias, de palavras, de vivências das quais não podemos ver-nos livres, mesmo que fosse essa intenção.
Preenchemos as lacunas do nosso sofrimento da melhor forma que conseguimos, mesmo seja essa a pior forma.
Sofremos todos do paradoxo: não queremos viver com... nem podemos viver sem...
Somos tremedamente adaptativos como assim manda a lei da vida, da sobrevivência, neste mundo de "loucos".
Esboçamos sorrisos de todas as formas, de todos os tipos e por todas as razões. Sinceros ou não... Nem ponho isso em questão.
Nem sempre as palavras conseguem expressar tudo, nem sempre chegam, nem sempre nos ocorrem no pensamento. Quando isso acontece, tenho a certeza absoluta que, num mar de palavras, acabo por ficar em pleno deserto. E a tendência que tenho: ^Sorrir. Mesmo que seja um sorriso duvidoso, indeciso, confuso, confiante...
Quando preciso de ter fé naquilo que perdi, animo-me com o som duma gargalhada.
Sofremos todos por perder aquilo que nos habituamos/habituaram a ter, porque nunca nos vimos sem...
Mas também sofremos todos do mesmo mal: Habituarmo-nos rapidamente àquilo que nos deixa abatidos.
Comodidade, Conformidade, hábito, costume... Há primeira vista, inócuas. Com outra visão: fazem-nos perceber que realmente caímos numa realidade a que nos sujeitam e não aquela que queremos criar.
Desistimos muito cedo, mas não gostamos de desistir.
Saber de ante-mão que não vale a pena é uma coisa, desistir porque achamos que a vida é assim é, de facto, e atrevo-me mesmo a dizer, ignorância.
Nem tudo podemos pôr por palavras, nem me atrevo a fazê-lo (aquelas que vamos buscar ao nosso "dicionário de vocábulos"), se assim fosse, seriamos claramente censurados.
Sofremos todos por complicar tanto o que é tão simples, mas temos de admitir, há coisas que tornam o labirinto impossível de percorrer, nem com mapa.
Eu cá não sofro por sorrir, não sofro por gostar de preencher lacunas.
De vez em quando, percorro o baú, de vez em quando tendo a fechá-lo a sete chaves.
Não sei o que é melhor ou pior. Sei que meio termo é coisa que fica dificil de encontrar no meio desta insanidade.
Tapamos buracos com receio de relembrar a verdade. No entanto, considero que dentro da verdade, haja várias verdades que se completam.
Assim como eu me completo quando relembro o baú e como quando decido-o fechar por uns tempos.
Continuo sem saber o que me define: se o relembrar, se o viver... Talvez um pouco dos dois... Vou permanecer algum tempo sem saber.  
Contudo, há algo de muito caraterístico em todos nós: a forma como sorrimos, como encaramos o sorriso e como o ouvimos/vemos.
Meros desvaneios e desabafos de um sorriso que preenche as lacunas que, a memória vai tendendo a "esconder" o mar de palavras que se tornou num deserto ao olhos de quem não as entende, não as consegue usar, ou ouvir. Outras questões se levantaram, mas isso agora, não interessa mesmo nada... 






2 comentários:

  1. tanta verdade que sai das tuas palavras, palavras sábias

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não sei se são verdades, mas sei que foram realidades :D
      Muito obrigada, Catarina :D

      Eliminar