quarta-feira, 30 de abril de 2014

Diagnóstico: Horcruxes (a bem dizer...)

Estava na hora...
Faltavam eles...
Já agradeci tanto...
Mas e porque não? São tão importantes e eu não consigo dizer algo mais? Merecem que as outras pessoas vejam o que eu vejo neles... Merecem muita coisa e, no entanto sinto-me impotente por poder dar tão pouco, mas acreditem, no que depender de mim, será um pouco mais a cada dia que passar.
A minha pessoa, são a minha pessoa.
Que raio significa isto? Significa que não vou precisar de dizer tudo, não vou precisar de tentar me explicar, não vou precisar de me alongar no que quer que seja, não vou precisar de ter de dizer o que sinto, se gosto, se não gosto, se quero, se estou mal. Serem as minhas pessoas é saber exactamente interpretarem-me sem ter de abrir a boca e procurar no dicionário formas de me balbuciar sobre determinados assuntos, circunstâncias e emoções. São Horcruxes, pedaços de mim, bons pedaços, mas que sem eles fico um pouco mais vazia... Com eles, eu sou tudo, por eles eu sou tudo, faço tudo, sinto tudo....
Ao mínimo olhar, ao mínimo toque, sorriso ou gesto,  são eles que me decifram como ninguém.
Não precisam de códigos, não precisam de instruções...Nem os maiores técnicos, hackers conseguem tais proezas, sejamos realistas... Existem técnicos para tudo, mas no que toca a lidar com algo que nos diz tanto, todos se tornam os verdadeiros toscos, à procura da melhor forma e de serem os melhores... Eles, simplesmente e naturalmente, não tentam, simplesmente têm o dom de conseguirem sem esforço.
A amizade não implica apenas esforço e sacrifício, ou se torna natural ou é forçado demais.
Melhor que ninguém, encontraram forma de lidarem comigo sem me sentir julgada, sem me sentir um fardo. Fizeram com que o lidar comigo fosse algo mais simples do que na realidade é, quiseram fazer o esforço de me compreender, mesmo sabendo o que isso implicava e o quão complicado poderia ser.
Sabem o que dizer no momento certo sem ter que lhes pedir. Basta recorrer a eles e saberão o que fazer. De certa forma o nosso triângulo tornou-se a forma geométrica mais perfeita que me completa na vida. Fecham e abrem novos ciclos e deixam-me permanecer em todos os momentos. Genial, incrível, não?
Não fomos feitos para o falar diariamente, para o comunicar incessantemente, para o ficar parado à espera que tudo corra pelo melhor. Não! Nunca fomos a normalidade das amizades vulgares... Sempre deixamos correr, a preocupação manteve-se, as vidas seguiram, mas aparecemos sempre no momento exacto da vida de cada um e acabamos por ficar horas a contar as novidades, tudo o que se passou, tudo o que sentimos. Somos iguais em tanta coisa e tão diferentes nas escolhas que fizemos e isso é o que resulta de melhor em nós.
Sendo sincera, muita coisa mudou, mas não fiquei triste com o que mudou, demorou a habituar-me, a não ter de os ver todos os dias e decifrar apenas o  olhar, sorriso, gesto, balbúcio... Agora, fazemos planos para encontros onde poderemos  novamente  voltar a sentir a segurança, a sentir o nosso conforto nos seus braços.
Nunca vamos ser o comum, nunca seremos a excepção à regra! Não digo que as tristezas e desavenças não aconteçam... Estarão sempre presentes... De alguma forma arranjamos uma maneira estranha, a nossa maneira de lidarmos com o pior de todos e merecermos o melhor de cada um. A Aceitar que agora é assim, termos o direito a sonhar mais e acreditar (mesmo que isso implique entrar numa ilusão, que não acredito que seja), que mais anos nós teremos e que tudo pode mudar, mas em nós, muita coisa não mudou.
Decifraram-me como ninguém, abraçaram-me como ninguém.
Para uma, a mulher da minha vida, a bailarina com uma inteligência incrível e uma pessoa com tanto por conhecer e decifrar, decidida e guerreira com os melhores conselhos, já la vão 20 anos.  Para outro, nerd com o dom das palavras e um jeitinho para se abanar, com os objectivos bem definidos, vai a caminho de 4 anos. São estes anos e mais os que vamos acrescentando, que se tornam nos números perfeitos que me trazem a felicidade que procuro em todo o lado.
A matemática pode ter sentido de humor, para quem nunca a compreendeu. Há quem a domine, há quem escute aqueles que a dominam e brinque mesmo assim. Eu sou a que brinca a escutar o vosso conhecimento que me surpreende mais e mais ainda... Sou a sonhadora e vocês os realistas e racionais que me mantém assente. Cada um com tanta para dar ao outro, cada um com a sua capacidade de ser a "voz da razão" para o outro e, ao mesmo tempo manter o humor perante as piores fases.
A garantia não é para aqui chamada, mas o valor estará sempre presente mesmo que eu não saiba bem o que lhes dizer, como agradecer-lhes ou explicar o que são para mim.
Já pensaram quando vos pedem para escrever sobre vocês mesmos, as coisas que vos passam pela cabeça, o ter de pensar realmente no que somos, se somos mesmo assim... O quão é difícil quando temos de escrever sobre qualquer coisa de nós... Parece que se esgotam as palavras, ou o ego aumenta ou simplesmente a modéstia leva a melhor sobre nós.
Julgo tratar-se do mesmo diagnóstico, porque vocês são e apenas são a minha pessoa, os meus Bons Horcruxes... E escrever sobre a minha pessoa é como escrever sobre mim,sobre pedaços de mim, ter de pensar em algo que ainda temos e queremos descobrir durante muito e muito tempo. Aquele tempo em que a opinião de muita gente se torna mero burburinho que tendemos a ignorar, porque simplesmente não queremos saber. Em constante aprendizagem, constante mudança, constante "loading" para o que vem ainda está para vir....
Irmãos adoptados pela minha família, cuidados com o meu coração e a minha força! 


"I don't have to say a word. They just look at me and see who I am and how I feel and they accept it. They don't try to change it or want to change it. These persons. There's a billion people but I imagine there's only one of them"



Sem comentários:

Enviar um comentário