domingo, 5 de abril de 2015

Liberdade aprisionada, voo des/re aprendido

Voou, como quem se libertou de uma prisão do qual não teve conhecimento. A prisão de pensamentos que o movia na vida, a prisão de que tudo teria de ser como estava a decorrer, ou como alguém nos dizia, por ser tão admirável.
Era apenas fogo de vista, fogo de vista....
Acreditou que o melhor estava para vir, que o melhor era aquilo e não haveria melhor. Até que se apercebeu que faltava algo... Sentia falta de algo...
Sentir falta do que? Como se sente falta de algo que nem se conhece, que não se sabe o que é?
Como questionar algo que sempre correu bem, sempre completou, sempre foi o suficiente e agora se tornou insuficiente para que um sorriso fosse libertado?
A prisão que censurou a alegria de um sorriso.
Era assim e era bom, Continuou assim, mas mudou tudo e tudo se manteve o mesmo.
.... Manteve-se o mesmo...
Mas não quem aprendeu a voar... Perdeu-se no que o deixava bem, por já não se reconhecer no que o sempre reconfortou. Já não era o mesmo sabendo que quem se mantinha o mesmo procurava ser o que nunca foi.
O perdão tornou-se banal e relativo, quando depende, não da situação que poderá ser a mesma, mas das pessoas que erram. A proximidade, o significado que dão à pessoa vai diferir no perdão. O erro não é grave nem ligeiro. Que interessa a gravidade da situação se mesmo assim não existe perdão?
Continuou tudo a girar, a rodar com a questão de não saber, de talvez saber, de saber e não querer.
A crónica da liberdade tirada da essência. A liberdade retirada ao voo que se perdeu, que foi desaprendido por ter parado e não ter continuado.
Que razões levam a um pássaro deixar de voar?
Que razões levam a continuar?
Que razões levam a desaprender a ser quem é?
Vai para além do que possa e consiga explicar...
É como é e terá de ser como tiver de ser. Poderá fazer mil e uma questões ao tempo, mas nem o mesmo saberá responder enquanto, simplesmente não decorrer como faz sempre: passa e logo se vê...
Não espera cura, não espera alivio, espera apenas conseguir ver um caminho aberto para que a decisão seja tomada.
Já não depende de ninguém, apenas de si... Não pode depender de mais ninguém enquanto não e reencontrar novamente e achar o que faltou para deixar de sentir suficiente a razão do seu sorriso.
Já não passa por pedido de desculpa, por esforço, por cura de mágoas e ressentimentos.
Passa apenas por si...
É isso, é isso que trama e assusta, depende apenas de si e aí começa a sua liberdade, quando se desprendeu e arranjou mil e umas hipóteses do que poderia ter acontecido, quando nada encaixou. Começou a sua liberdade.
Começou o seu voo
(Re)Aprendeu a voar e mal nenhum lhe fez... Acabou a respiração ofegante, acabou a visão distorcida e ilusória...
Apenas a si como companhia e apenas a sua dependência o libertaram da liberdade.
Seja qual for a cor da liberdade, será vista como uma aberta para o que daí vem.

"So come on let it go, just let it be... Why don't you be you, and I'll be me.
Everything's that's broke, leave it to the breeze. Why don't you be you, and I'll be me...
And I'll be me"

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