domingo, 15 de junho de 2014

Uma última noite...

Repenso e repenso... Volto a pensar e a perguntar-me: "E se..." Nunca tentámos... Sempre me acomodei a ti, a ter-te sempre quando um ou outro quiséssemos. Nunca mais que cem dias, que cem horas... Era apenas fugaz, era apenas aventureiro. Sei que poderia refugiar-me nos teus braços e não pensar mais. Sei que fosse qual fosse o motivo, a gente encontrava-se, onde quer que fosse, como fosse... Sempre vivi com medo de que o que sentisse estragasse, ou nunca funcionasse se fosse doutra maneira. Se de repente a liberdade que via nos teus olhos, um dia nos prendessem e tudo ficaria perdido num olhar de arrependimento, ou tudo pura e simplesmente mudasse, é isso, medo que tudo pudesse mudar...
Todos os dias, tudo muda e muda... E tudo sem retorno. Mas tu, tu, eu não queria que mudasses. Não queria que mudasses esse teu encanto por mim, mesmo que nunca fosse mais de 100 dias... Mesmo que um de nos desaparecesse, ou alguém novo entrasse. Regressava a ti com o maior dos deslumbres, mas sempre a fugir da mudança.
Hoje, lembrei-me que nunca lhe contei da tua existência... E já la vão mais do que 100 dias, muitos mais! Sem contacto, (nunca precisamos), mas hoje senti essa falta... Em discussão feroz, lembrei-me que nunca lhe contei e nunca percebi porquê. Não foi por medo de que ele ficasse com raiva. Nunca lhe dei o direito para isso, mas talvez porque hoje, senti algo nele, o que sentia cada vez que te via. E percebi-me, talvez tivesse saltado de cabeça e nem me apercebesse que, se calhar o meu lugar era noutro sitio. Entreguei a minha liberdade ao sentimento por alguém em quem ainda acho, com toda a convicção, que me prende duma forma que eu gosto. Que me dá equilíbrio e me faz, duma vez por todas, ter de aceitar a rotina duma vida.
Pergunto-me se ele seria capaz? Capaz de me largar por uma aventura, largar o equilíbrio e agarrar toda a liberdade que eu já tive, mesmo sem lhe contar. Nunca foi em momentos iguais... ele apareceu depois de eu dizer a mim mesma que apenas e-mails nunca me bastavam para sentir a tua/minha liberdade. Não bastavam, não eram suficientes e queria sempre mais... Mais implica a consequência de que a única coisa que eu não queria que mudasse, eras tu.
 Então parei...
Perdi-me no contacto e prendi-me a um novo sentimento que me fez mudar e gostar. Pergunto-me o porque de não lhe contar e como reagiria. Mas sei que ele não me faria o mesmo... Exagerei na discussão por momentos de ciumes e, ri-me. Ri-me, porque nunca tive de sentir isto... Tudo foi novo, porém apercebi-me que poderia apenas ser atracção, meramente física, o que eu entendo perfeitamente, pelo menos o motivo. Sei reconhecer. Sou Mulher. Mas é só fogo de vista, nota-se que ele nunca olhou-a com os olhos com que eu te olhava, sem ter de sentir a mera atracção que nos atraia como dois pólos distanciados por 100 dias.
Eu sei que ele já pensou em... Ele já quis... Talvez o tenha feito! Choro de pensar... Todavia, aceitei, porque a verdade é que também sinto por ele o que sinto por ti. Ele precisava de perceber que eu estava errada nos ciumes que qualquer mulher tem, ele queria perceber que é por mim que cai de olhares fascinados e mera atracção física por alguém como ela, com quem nunca pode estar. Só me teve a mim, ambos novos e depois de eu tomar a tal decisão que me atormenta.
Atormenta hoje especialmente... Mas é ele... Eu assentei e tive que mudar!
Aquilo que eu não queria que mudasse em ti, em nós, teve de mudar... Não como sempre temi, tememos. Mudou porque terminou... O meu companheiro de liberdade teve de ser levado e continuado na liberdade que já não era eu. Eu acorrentei-te, podes ser sincero! Não mereces isso, quando não era o que eu queria que acontecesse comigo.
Uma ultima noite, eu pensei e lembrei-me de ti como se vivesse de novo, por uma ultima noite.
Uma última noite e eu sei porque nunca lhe contei, nem contarei... Acho que ambos sabemos a razão. E ambos sabemos que a aventura achou o seu rumo e assentou de vez...
Eu fico com ele... Não tomei a decisão de ficar com ele, foi a minha liberdade que escolheu prender-se a ele que me faz sentir bem e gostar de me sentir a partilhar o que resta da minha liberdade, numa relação. Com ele mudou, contigo não muda a recordação!
Parece-te bem? Por favor, "Voa" ... Eu pousei e encorajei-me a aceitar que é isto que tinha de acontecer. Entregar a minha liberdade de corpo e alma, a ninguém melhor que ele!
Uma última noite... Uma e apenas um última noite e despeço-me com todos o carinho deslumbrado pela minha visão nos teus olhos ternurentos ao olhar-me... Eu não lhe conto, não conto a ÚLTIMA NOITE...
No entanto, eu sei que ele o fez, eu noto e sinto o que ele fez...


   "Everything changes... But this? This still hasn't. Not for me. That's a lesson!"

(baseado no filme "Last Night")

Sem comentários:

Enviar um comentário