domingo, 28 de dezembro de 2014

Nudez do senso

Falta-me o senso.
Falta-me o "acreditar" que tem de ser assim.
Rastejei e entreguei o meu espírito na esperança desmesurável de que houvesse uma simples troca recíproca de "restajamento" e profundos sentimentos e troca de palavras que pudessem significar coisas e cenas...
Que pura inocência, que tamanha ingenuidade.
Peguei em tudo e dei tudo o que alguma vez tive.
Peguei em tudo e mostrei tudo da minha alma, como se me entregasse nua, sem qualquer véu de defesa para que pudessem ver-me despida no mais intimo "Eu", ao qual ainda tenho tremendas dúvidas de quem seja.
Desconheço tamanha força, desconheço tamanha entrega por parte de quem em mim descarregou um simples sorriso e, me trouxe de volta à superfície para ganhar folgo para mais uma ardente luta de fogo e apaziguamento.
Foi levantada bandeira branca come fé de paz - repito: Tamanha inocência.
Carreguei nos olhos pureza, carreguei no ombros a casta pessoa que me fez crescer.
Não aconteceu... Sei lá... Não aconteceu... sei lá eu...
Falta-me o engenho das palavras. Falta-me o engenho que me mantém em cima e no entanto, volto a mergulhar ao mais fundo que consigo ir.
Vai campeã: afunda-te mais como se ainda houvesse mais para onde ir nesse fundo engenho do desdenho do teu conhecimento, ou falta dele!
Não nadei mal.. Mergulhei de forma errada. Como se aquele chapo me afectasse o corpo e me encontrasse em profundo e efémero formigueiro que me parece eterno.
Aquela dormência de querer parar por ali, mas em simultâneo querer voltar a saber o que é respirar.
Como se o comando e o controlo fossem parte dos fios que me movimentam como uma marioneta.
Sempre fui eu por detrás dessas cordas e não me apercebi.
Ignorância é felicidade, dizem eles... Digo que ignorância foi quem quis dizer isso, por medo de querer saber o que sempre temeu.
Ingenuidade é a essência das crianças. E quando cresces?
Falta-me o senso, ou não fosse eu tanto criticar o braceamento que vou dando nas águas movimentadas.
A recíproca troca de oxigénio, a recíproca troca de emoções por parte de quem nunca conseguiu sentir no seu engenho e razão.
Desconheço quem me colocou dentro destas palavras, desconheço porque me desconheço.
Sei que me entrego a cada movimento feito, mal ou bem, a sobrevivência sempre foi o mal comum. Mas a vivência tornou-se a mais vaga ganância de quem não soube esperar pelo que lhe reserva.
Má crença no destino, na fortuna.
Ficámos todos a perder no bem que ganhámos.
A má sorte da grande sorte respirada.
Viveu quem soube perder de entre ganhos e pertenças que em nada recíprocas foram.
Maldito punhal que soube atravessar o pequeno caco de vidro que impediu a totalidade de um jogo de labirinto, em que a saída não está no espaço, mas no tempo em que se perdeu a sorte, a fortuna e a paz ,um dia regida por uma bandeira branca, como forma de voltar a recuperar o folgo e nunca mais vestir a alma nua e divagada perante o mundo.
Um Mundo em que as constelações se desfazem aos olhos, para que o primeiro plano seja o enfoque dado à musa e o segundo plano seja a mais bela natureza.
Viveu quem soube perder de entre ganhos e pertenças que em nada recíprocas foram.
Faltou-me o senso... Reneguei a Fortuna... Seja como for, venha o que vier. Caiu o manto, caiu o véu: despida em volta da ingenuidade e ignorância que causaram o pequeno conhecimento a quem entreguei os meus fios e me acordou para que o formigueiro desaparecesse. Fim da dormência.

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