sábado, 27 de dezembro de 2014

Em vida "memorium"

Sabes? peguei em tudo o que me poderia fazer lembrar de ti. Sabes? tentei procurar-te em todo o lado que me poderia fazer sentir-te.
Incrível... Não consegui.
Não precisei de juras e promessas para que a tua lembrança fosse eterna, chamam-lhe "memorium imortal". Contudo, não consigo fechar os olhos e criar uma imagem de ti que me invada a alma e me faça sentir preenchida. Nem as fotos, parece que o desfoque foi propositado...
Fecho os olhos e sei que como toda a gente, estarás lá, mas não acho que seja justo não me lembrar da tua forma, do teu sorriso e das tuas manhas.
Digo a mim  mesma que o tempo é relativo e que não existe cedo ou tarde. Foi cedo, foi cedo, diga eu o que disser.
Procurei encontrar palavras para preencher o vazio da amnésia que me provoca uma sensação de desconforto em dias como estes. Não existem!
Continuar a chamar injusto a tudo o que não me proporciona uma imagem de ti. Tenho de parar com isto não é?
Sim, já la vão os anos em que a justiça me servia de consolo, a mim eu aos meus.
Sei que a partir do momento em que nasces, és o mundo de alguém, para alguém... Mesmo que tudo seja vago, que por mais que tente construir o puzzle, nunca fique preenchido. Eu sei que fizeste e estiveste lá. Não foi o suficiente, nem nunca será. Não cabe a mim nem a ninguém decidir isso.
Não foi por erro teu, erro de ninguém. Não foi por descuido, mas foi tão natural quanto poderia ser.
Não causou sofrimento, mas trouxe-nos algum, por um tempo.
Recorro à harmonia, é como estou. Nostálgica, talvez, em dias como estes.
Não tenho grandes explicações, nem me podes dá-las, não é assim?
Não recorro a estrelas, ou a divagações. Não te sinto, por mais que te procure... Olho para o que ainda temos teu, naquela caixa enorme que tememos abrir para conter as lágrimas, e continuo sem te ver.
Será assim não é verdade?
Não há ninguém que nos ensine a viver, mas não há ninguém que dite o fim de uma vida. Disso eu sei muito bem... Disso eu sei...
Não te preocupes, são apenas desabafos que vou fazendo ao longo do tempo. São apenas escritas que ficarão para mim.
O tempo é relativo e com o tempo tudo atenua... Já lá vai o tempo em que nem conseguia olhar para o tempo e prever o tempo que demorava a passar. Não passa, mas aceitei. Aceitaste, vivemos e amadurecemos São apenas sentimentos.
Sabes? Começa a ser mais saudade do que dor... Sabes? começo a sentir que nunca irei perceber muita coisa, nem tudo fará sentido. No entanto, tu vives, de alguma maneira, dentro de mim.
Numa ínfima memória que se vai tornando residente.
Sê bem-vinda a casa, limpa os pés e senta-te... A tua vida pode ter sido efémera, mas não deixará de ser eterna.



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